Kubo e as Cordas Mágicas: Beleza e Magia

Kubo e as Cordas Mágicas me conquistou no momento que o protagonista fez um teatro de origami com os sons das cordas do seu shamisen. Com um aviso breve, uma música em tons tipicamente japoneses e uma narrativa heróica, o jovem Kubo agarra o espectador pelo coração o carrega pelo seu conto de fadas. E é difícil desgrudar os olhos do visual impressionante, história tocante e bela animação que seguem.

Numa época de franquias e continuações, Kubo é um respiro de ar puro e original que, ainda que siga algumas estruturas clássicas de narrativa, consegue surpreender nos pequenos detalhes e emocionar nas singelas relações que os personagens desenvolvem. A evolução do protagonista, sua relação com o mundo crescem palpavelmente enquanto ele caminha pelo mundo em uma busca que reflete a de seu pai. É uma história sobre família, amadurecimento e amor como poucas. E é uma história única e contida. Assistir Kubo e as Cordas Mágicas é como uma amizade de viagem: incrível enquanto dura, imensamente satisfatória mas que, ao terminar, deixa uma saudade satisfeita de algo que só funciona e é mágico naquele contexto, naquele momento.

A animação em si é um deleite. A mistura de stop-motion com fundos criados por computação gráfica e funciona para aumentar ainda mais a qualidade de sonho e de conto de fadas que o filme tem. O realismo não é uma das propostas e o distanciamento dele torna mágicas as situações que seriam assustadoras para o espectador, como uma sequência de confronto com um esqueleto gigante ou uma criatura genuinamente estranha que habita o fundo do oceano.

A dublagem é impecável. Charlize Theron, Art Parkinson e Mathew McCounaughey entregam uma performance realista e genuína. O estilo marcante de McCounaughey quebra um pouco da magia nos momentos iniciais da apresentação do seu personagem, mas é um deslize passageiro: logo esquecemos a fala arrastada dele e aceitamos que um besouro gigante poderia falar daquela forma. 

Finalmente, uma menção especial à magia como é construída nesse universo: um mistério com limites pouco definidos e sem estrutura. Enquanto isso é um problema na maior parte das narrativas, é uma vantagem no mundo do jovem Kubo. Ela aumenta ainda mais a sensação de maravilha que o espectador sente ao acompanhar cada momento dessa incrível jornada.

Ficha

Título: Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings)

Nota do Sr Chato: 10/10

Potencial Comercial: 6/10

Dados Técnicos: EUA / 2016 / 101 minutos / Universal

Gênero: Animação, fantasia

Direçao: Travis Knight

Roteiro: Marc Haimes, Chris Butler

Estrelas: Charlize Theron, Art Parkinson, Mathew McCounaughey

Comparáveis: Coraline, O Estranho Mundo de Jack

Por que assistir: Uma obra prima da animação e do stop-motion.

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